novembro 11, 2004

Ouvindo Sade - By Your Side

E ao sair disto, que Ser Humano serei?

E ao sair disto, que Ser Humano serei?

Encruzilhada, "crossroads".
Muro, rua sem saída.
Escada rolante massacrante que leva direto ao precipício.

Sem saída, mergulho em "skydive" final,
Bato chapado em muro que me envolve por todos os lados -
labirinto da vida humana.
A saída é o abismo que dá no muro que dá no abismo, quem diria...

Fica a pergunta:
E ao sair disto, que Ser Humano serei?
Aqui, agora, sou eu e Eu,
só o que de dentro de mim trouxe é o que tenho
é com o que posso contar.
Do material, do que adquiri no externo irreal,
só restaram dores e mágoas
que em lento "fade out do coração",
se apagam por não terem mais razão de existir.

A cada segundo,
a cada palavra,
a cada momento,
para onde viro meus olhos,
para onde dirijo meus pensamentos,
envolve-me imenso "air-bag"
que não me protege, mas sufoca,
comprime e espreme meu ser -
prensa de sentimentos humanos -
extratora do Óleo Humano

E quanto mais solidão sinto,
mais sinto que não estou só.
De dentro de mim, feliz e doloridamente,
sinto brotarem as vozes que lá sempre estiveram.
Amigos que comigo compartilham a responsabilidade
deste salto cego ao Precipício Humano.

Pergunto: Pai, o que virá?
E ao sair disto, que Ser Humano serei?

De coração lhe peço: dai-me forças, habilidade e perseverança
preciso me construir um Ser Humano melhor. Superar,
as dores e as dúvidas,
as escolhas e as esperas,
as conquistas e as perdas,
as mentiras e as verdades,
as esperanças e as frustrações,
os poucos acertos e os muitos erros.
os sorrisos e as lágrimas que coexistem em mim neste momento.

Existe sair?
Ou é só continuação?
Existe superação?
Perguntas, quando mais de respostas preciso e procuro...
O abismo é o muro que é o abismo,
As respostas são perguntas que são respostas.


novembro 07, 2004

Ouvindo Craig Chaquico - Midnight Noon

Não gostei desse mais recente CD do Chaquico, ainda prefiro estilo Navajo Stars

Schico no Tempo
De repente, exatamente como algo sujeito à dimensão temporal, como um estalo de cálice desavisadamente quebrado, percebo que o Tempo se esvai, se esgota, flui.

Assim mesmo, como o sinto agora, ao sentar-me em frente ao micro e olhar para esse rosto refletido na tela do monitor, com mãos prontas para disparar letras agoniadas que não mais se contentam em ficar retidas em minha alma. Letras precisam de palavras, pensamentos precisam de letras, palavras, espaço e Tempo!

Uma dor maior que a de meu joelho já devidamente punsionado aperta meu coração e sinto que luto contra o Tempo - já não o tenho mais a meu favor.

Urgentemente, preciso reverter essa situação incômoda e antinatural e fazê-lo fluir aliado. Impossível viver feliz, aqui nessa Terra do Tempo, lutando contra o "senhor da dimensão temporal" que a todos nos rege. A ciência da vida feliz prescreve a sabedoria de ser junto com o Tempo, fazendo fluir nossa vida através do Tempo, harmonicamente, usando o dom maravilhoso da vida humana.

Mas meu tempo se esvai, acumulam-se ao seu largo os martírios que maltratam meu ser, um após outro e mais outro, tanto que reverter essa situação parece um MILAGRE, só que possível como todos os MILAGRES.

Já que parece ser, por enquanto pelo menos, científicamente impossível reverter o fluxo do Tempo, tenho de reverter a mim, ao meu fluxo de vida e juntar-me a ele, como uma nave espacial dos Jetsons que se alinha e entra no fluxo de trânsito de uma "highway" nem tão futurista. Uma nova maneira de encarar o Tempo que aqui egoísticamente chamamos de "nossa vida".

"Enxergar" o Tempo com olhos de quem o vê de fora, mesmo estando fluindo conjuntamente com ele.

Um barco flutuando em um rio de águas calmas, claras, nervosas, escuras, caudalosas, lentas e rápidas seria uma analogia. Uma casca de noz flutuando num vórtice espacial também.

O lance do Tempo é que ao o olharmos de fora não devemos "fotografá-lo" como se o barco ou a noz estivessem num único quadro, mas todos os quadros estivessem em um único. Qualquer foto do Tempo, se possível fosse, não traria em si o Tempo como o entendemos aqui, passado, presente e futuro: mostraria todos os tempos em um só presente que é tão Tempo como o passado e o futuro. Para quem nele está imerso o agora é o mais importante de todos os tempos, tanto que sempre é agora na eternidade - a dimensão fora do Tempo. Sempre é agora.

Tempo não se guarda, Tempo se vive. Estranha dualidade para a "commoditie" mais valiosa de todos os tempos.

Nota do Schico 2004/11/08: Funciona tudo sempre certinho, como uma só coisa, som, imagem e texto, mas eu não achava no que o som se encaixava nesse texto e imagem até me dar conta da dualidade, estranha dualidade, Midnight (meia-noite) Noon (meio-dia), e o que ocorre no tempo entre uma e outra.