Nouvelle Cuisine
Ouvindo Smooth Radio London - James Ingram & Michael McDonald - Yah Mo Be
There
Sobre perguntas e respostas,
ou, sem manjericão o sabor não é o mesmo.
Esta semana estava me
questionando sobre o EU e o modo como todas as vidas vividas podem ser
compreendidas, uma a uma, com sua somatória formando um TODO. Achava meio
injusto com o momento “atual” de cada um, mesmo que esse “atual” esteja no
passado, presente ou futuro, podendo se misturar e sumir num mix de si mesmo e
só ficar como um gostinho leve de manjericão que precisasse de vários momentos
pra ser identificado. Tanto esforço, suor e vivenciação extrema para virar um
coadjuvante de si mesmo...
Ficou uma sensação de
que uma vida hoje vivida pode não ser exatamente a escolhida para viver a
eternidade e um sentimento da possibilidade que paira sobre esta vida, de uma
certa maneira e por um entendimento tosco, não continuar após a morte,
simplesmente pelo fato de não ser aproveitada para a eternidade; por uma
decisão até do próprio indivíduo. Algo do tipo: não gostei
do que fiz nessa vida e vou adotar outra, ou outras, para a eternidade e dessa não vai ficar nada, ou quase nada.
Mas essa vida que não fica quase nada, sou eu hoje! Não que estivesse pensando sobre o eu de hoje,
mas sobre um hipotético ser que radicalmente decepcionou-se com uma determinada
vida.
Porém essa
possibilidade não existe, pois o tempo passado aqui não se apaga e mesmo os
erros – principalmente eles – fazem com que as vivenciações terrenas tenham
maior valor.
Uma vida cheia de
sucessos! E o que é sucesso? Talvez esse seja o fracasso...
O que me leva a
escrever não é essa abordagem, mas outra que aconteceu comigo hoje.
Estou tão chato e num
momento de tamanha insatisfação comigo mesmo que ao chegar em casa,
absolutamente extenuado, ao lavar o rosto e me olhar no espelho fiquei com o
saco cheio de mim mesmo! Tanto, que cheguei a pensar:
“Acho que é melhor
começar outra vida! Essa tá muito sem graça! Estando eu tão com o saco cheio de
mim mesmo, já imaginou que coisa horrível seria passar a eternidade sendo
exatamente assim, como estou me olhando no espelho?”
Tremi nas bases. Isso
pode ser o inferno! Mas eu procuro a evolução... como fica isso?
Não me abandono
jamais. Eis o toque necessário para colocar mais tempero nessa vida. E sabe a
quem cabe isso? A mim, óbvio!
Auto tempero. Elaborar
pratos finos pode ser uma analogia, neste plano, da arte de construir a si
mesmo na eternidade. E por consequência, juntando tudo, da elaboração da
Humanidade.
Manjericão, basílico
ser etéreo permeando os tempos, ainda bem que existes!